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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Q STUDIUS

Apesar da quantidade insana de trabalhos, exposições, publicações e demais aplicações das Hqs que o Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria já desenvolve, ainda há muitas potencialidades por nós inexploradas no que se refere à nona arte.
E foi exatamente a partir dessa conclusão que o Quadrinhos S.A. criou a sua mais nova divisão de trabalho: o
Q Studius

Uma empreitada audaciosa, visando exterminar o que nos resta de tempo ocioso, e apresentando obras irretocáveis (?), de qualidade singular (??), e que só não serão apreciadas por quem não não entender a piada.
Enfim, abaixo estão os endereços pra assistir nossas primeiras “superproduções”.
Até as próximas.
Obrigado.

Where The Sun Never Dies (O melhor de todos)
http://br.youtube.com/watch?v=yRCF_NCd5eU

Blur - Song Two
http://br.youtube.com/watch?v=T_tCMaoG8B0&feature=related

The Offspring - The Kids Aren't Alright
http://br.youtube.com/watch?v=HC26Lv1ALFk

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Santa Maria, “Cidade Cultura”?
Já faz um tempo que eu me questiono acerca desta alcunha atribuída à cidade. Às vezes penso que é merecida, e outras que é uma farsa.
Atualmente acredito na segunda hipótese.
Fui convencido disso nesta sexta-feira dia 23/01/09.
Independente da divergência de interesses e opiniões, o mínimo que se espera de uma Cidade Cultura é que as pessoas sejam respeitadas.
Lamentavelmente, não foi isso o que ocorreu na referida data, quando um grupo de artistas locais (leia-se quadrinhistas) foi discriminado e privado de seu direito de ir e vir mediante ameaça, sofrendo posterior agressão verbal, e tudo devido a um atraso de 5 minutos do uso de uma sala que lhes é cedida para a realização de seus trabalhos há vários anos.
Quando há o respeito, as coisas podem ser resolvidas com diálogo. Mas quando ele inexiste, a falta de argumento torna-se desculpa para a ignorância ser cuspida nos ouvidos do outros.
É óbvio que apenas isso não desmerece o título de “Cidade Cultura”. Porém, enquanto minha frustração não passar fica difícil encontrar qualidades que justifiquem a cidade ser chamada assim.
Depois os caras reclamam que os artistas independentes os critiquem em suas obras...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

X-MEN ORIGENS: WOLVERINE - Preview

Desde que me conheço por fã de cinema, acompanho todo ano uma enxurrada de filmes sendo lançados visando lucro fácil, e se possível alguma criatividade, de modo a criar uma nova franquia cinematográfica.
Criados por Stan Lee e Jack Kirby, em 1963, os X-Men conseguiram esse feito, e apesar da trilogia dos mutantes não possuir apenas capítulos bons, obteve a chance de se expandir além dos 3 filmes.
O primeiro dos longa-metragens derivados desse universo tem estréia prevista para abril deste ano. “X-Men Origins: Wolverine”, promete muitas referências às Hqs, personagens novos, e pancadaria de primeira, contando o surgimento de um dos personagens mais bem-sucedidos em sua transição das páginas às telas (parece até nome de cineclube!).
É óbvio que eu não estou esperando nenhuma obra densa e revolucionária, mas aguardo pelo menos um bom filme de ação, não apenas por contar com o mesmo Hugh Jackman que acidentalmente tornou-se o astro da cinessérie mutante, mas principalmente pela presença de Gavin Hood na direção, o mesmo que conquistou o Oscar com o ótimo "Tsótsi" (2005).
Se minhas expectativas serão atendidas ou não, ainda restam meses pra descobrir.
Por ora, fiquem com uma imagem (por enquanto) rara do elenco principal.


E se o filme não passar no cinema da cidade, não temam. Conheço um cineclube que com certeza irá incluí-lo na programação.

Además, aguardemos.

ZONA DE RISCO - JSA

Para quem assistiu minha palestra sobre o filme “Zona de Risco – J.S.A” (Gongdong Gyeonbi Guyeok JSA), no Ciclo de Cinema Histórico da Universidade Federal de Santa Maria, provavelmente este texto não trará grandes novidades (só duas, eu acho).
Mas, de qualquer modo, me pareceu relevante compartilhar minhas considerações a respeito das questões levantadas por este instigante filme coreano.
Primeiramente, um release básico pra quem ainda não assistiu (porém, sem spoilers, claro).

Na fronteira entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul (chamada DMZ, ou Desmilitarize
d Military Zone, ou Zona Militar Desmilitarizada) ocorre um tiroteio envolvendo soldados dos dois países.
Para apurar o que ocorreu nesse dia é convocada uma investigadora da Comissão Supervisora de Nações Neutras. Através dessa investigação, vamos conhecer o que levou ao incidente, e descobrir através dos olhos do diretor Chan-Wook Park uma realidade diferente da que nos é apresentada nos noticiários quando tratam do conflito na península coreana.
Sobre o filme em si, é altamente recomendado. Uma boa história cujo suspense prende o espectador até o fim da película com novas revelações, mesmo quando parece que todas as respostas já foram encontradas. A qualidade do elenco e o apuro técnico do diretor são inquestionáveis, lembrando que se trata do mesmo responsável pelo excelente “Oldboy” (2003).
No entanto, algo que difere essa obra de tantas outras tentativas hollywoodianas que visam criar tensão ou trazer um enredo surpreendente é principalmente o contexto em que se desenrola a trama.Trata-se de uma visão chocante a respeito de uma guerra a qual pensávamos conhecer, e sobre as pessoas que habitam os dois lados da área desmilitarizada mais fortemente armada do mundo.
Um pouco das minhas ponderações acerca do filme estão a seguir, no trecho da minha apresentação,
do dia 19 de novembro de 2008:



“Chan-Wook Park, criado na Coréia do Sul pós-armistício, cresceu vendo a DMZ como uma triste realidade a aceitar. Porém, sendo um diretor afeito a lidar com tabus em suas obras, não é por acaso que seu primeiro grande filme trata exatamente da separação do povo coreano como conseqüência da guerra.
Sendo assim, ele nos entrega uma história sobre soldados no meio desse conflito, mas retratados de maneira humana, discutindo assim o quanto a questão político-ideológica é capaz de nos influenciar.
É uma construção cuidado sa de modo a nos convencer que os personagens podem se tornar amigos, e tudo pra mostrar que essa amizade não tem significado se considerarmos os outros melhores ou piores, devido à farda que usam, ou devido ao lado da linha em que nasceram.
À medida em que o filme se aproxima de seu desfecho, torna-se cada vez mais difícil aceitar o óbvio: no fim, a desconfiança velada vai sobrepujar qualquer esperança de um final feliz hollywoodiano.
E quanto às frases do oficial sul-coreano: “Não há lugar para neutralidade aqui. É preciso escolher um lado”. Ou: “Não é tão fácil começar uma guerra”.

De repente somos jogados ao ponto de vista de um povo em guerra, mas que prefere evitá-la, e que, ao mesmo tempo em que não tolera neutralidade, faz uso dela como forma de manter o status quo. Ou seja: um cessar-fogo constante tem o mes mo efeito da paz, porém é menos complicado. Ninguém quer ferir o inimigo, mas qualquer aproximação é um erro sem volta.
Vestimentas militares modernas, música pop, produtos e entretenimento ao alcance do bolso. Não são essas diferenças que tornam norte-corea nos e sul-coreanos realmente diferentes.
Esse filme nos permite o olhar de quem está lá. Possibilita enxergar os opostos como semelhantes, e esquecer por vários minutos de metragem a cor do uniforme dos soldados na tela.
Quem sabe não é a cor o verdadeiro responsável?”


Cinematografia complementar:
Assembléia (Ji Jie Hao) - não é exatamente sobre a Guerra da Coréia, porém ajuda a visualizar o contexto em que a República Popular da China se encontrava antes de intervir no conflito, após uma guerra civil.
A Irmandade da Guerra (Tae Guk Gi) - esse épico realizado na Coréia do Sul apresenta uma visão do conflito bastante inspirada pelo “Resgate
do Soldado Ryan”(1998). Se passa durante a Guerra da Coréia, mostrando dois irmãos que são convocados para o combate. 

Leituras recomendadas:
Pyongyang: Uma Viagem à Coréia do Norte - o canadense Guy Delisle fez uma visita ao país, e deixou nessa graphic novel um relato contundente acerca da realidade lá encontrada.
DMZ – já imaginou uma Zona Desmilita
rizada no meio dos EUA? Nem precisa. Brian Wood já fez isso e contou a história de um repórter vivendo na DMZ que corta Manhattan em duas.
Enfim.

“É a guerra que não podemos vencer, não podemos perder e não podemos desistir”. (oficial norte-americano, ao se retirar de Seul perante o avanço chinês, em dezembro de 1950)