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segunda-feira, 29 de março de 2010

PONTYPOOL (2009)



Eu nunca tinha ouvido falar nesse filme.
É uma daquelas vezes em que parece haver uma alienação propagada pelos sites e programas especializados em cinema, que investem na divulgação do que Hollywood mais gastou pra produzir, ignorando todo o resto, até que um dia seja refilmado nos EUA.
Felizmente existe a Internet.


Já nos primeiros minutos, “Pontypool” (2008) soa inusitado, peculiar. Uma narração explica uma coincidência aparentemente sem propósito, relacionando o nome da cidade que intitula o filme a outros eventos até que uma nevasca toma conta da tela.

O longa-metragem canadense, do diretor Bruce McDonald parece tudo aquilo que Hollywood odeia. O roteiro é o principal elemento, e associado à atuação do elenco provoca uma imersão na trama por meio da sugestão, ao invés de exibir o óbvio. O suspense gerado pelas poucas informações noticiadas pelo programa de rádio que é apresentado ao longo do filme parece ter tido inspiração em uma das mais notórias histórias do gênio Orson Welles.
Mas afinal, sobre o que é esse filme?

Uma análise superficial permitiria resumi-lo em apenas uma linha, mas isso seria desmerecer sua complexidade.
Prefiro dizer que “Pontypool” é uma obra de arte que utiliza uma história de infestação zumbi como forma de transmissão de uma forte crítica aos meios de comunicação de massa, e à sua freqüente ausência de responsabilidade utilizada meticulosamente visando maiores índices de audiência.
É um olhar diferenciado que nos faz questionar a influência do que (e de que modo) a mídia nos transmite as notícias que interferirão no rumo de nossas vidas.


E é de surpreender o quão apavorante pode ser a falta de informação, em uma época em que qualquer evento pode estar ao nosso alcance um instante depois de ter ocorrido.

Com o desenrolar do enredo, logo surgem toques quase subversivos, uma desconstrução de “valores” convencionados por uma sociedade que vê na guerra a solução para os problemas de convivência com nações vizinhas, e que considera justificado sacrificar os próprios filhos em nome da manutenção do status quo.

Somando tudo isso (e alguns outros aspectos que eu não mencionei pra evitar spoilers), esse é talvez o exemplar mais assustador do gênero que eu já tive a oportunidade de assistir.
Seguindo a tendência dos bons recentes exemplos de histórias sobre zumbis, nos lembra que a monstruosidade presente na trama já fazia parte do ser humano, antes mesmo de qualquer vazamento de gás tóxico, liberação de vírus no ar, ou o que for, esperando apenas um motivo pra ser posta em prática.


Pontypool” é um filme revolucionário que já nasceu cult, e vale plenamente dois ingressos.
É isso.

 Pontypool
(Pontypool)
Direção: Bruce McDonald
Duração: 95 minutos
Ano de Produção: 2009
Gênero: Terror

sexta-feira, 26 de março de 2010

Q STUDIUS Returns



E fazia tempo que não falávamos a respeito dos caras do Q Studius aqui no blog.

Depois do sucesso de seu quase despretensioso filme “A Vingança do Arquivista”, e ainda sob influência dos efeitos da inundação no prédio em que ocorriam as filmagens de suas principais produções, o estúdio parecia estar destinado a ter o curta-metragem do arquivista insano como sua derradeira obra cinematográfica.
A “Saga do Arquivista”, aliás, havia sido cogitada para ter uma continuação, cujas filmagens encontram-se atrasadas de acordo com o cronograma divulgado para a imprensa, apesar dos rumores de que já haveria até mesmo um teaser trailer do filme.
No entanto, o inesperado êxito do primeiro filme parece ter impulsionado a equipe a retomar as atividades.
Iniciado com boatos, muita gente ainda questiona tais informações sobre a volta dos trabalhos desse proeminente estúdio gaúcho de cinema.
Mas eis que o Blog do Ibaldo confirma o que era ansiosamente aguardado pelo público.

A confirmação ocorreu por meio de uma investigação que se estendia há meses, buscando indícios do paradeiro dos integrantes do grupo.
Por fim, obtivemos dados conclusivos, os quais atestam a veracidade dessa notícia.
A primeira pista foi um comentário do astro Magnus Veríssimo, parte do elenco de “A Vingança do Arquivista”, que em uma entrevista afirmou que: “O Retorno do Arquivista só iniciará depois que o estúdio concluir um projeto inimaginavelmente ousado e de complexidade singular, lôco!!”, de acordo com as palavras do próprio ator.
E após um período repleto de hipóteses e conjecturas, enfim surgiu a primeira imagem do projeto.
Apesar da baixa qualidade da foto, pode-se identificar nela, a partir da esquerda os atores: Bício, Marcel Ibaldo, Guiga Hollweg, e Marcel Jacques.

Diante disso, o Q Studius manifestou-se, declarando tratar-se de uma obra diferente de tudo que o estúdio já realizou.
Nós, do Blog do Ibaldo tivemos acesso a uma prévia de cerca de 5 minutos do filme, que corrobora o que foi declarado pelo estúdio, quando declarou através de seu porta-voz Antonio Mello que esse é um filme mais voltado ao diálogo e ao desenvolvimento de personagens do que à ação propriamente dita, diferindo do que vinha sendo produzido até então pelo grupo.
Por enquanto não foi divulgada nenhuma foto oficial ou trailer do vídeo para o público, mas parece que não está longe o lançamento do que já é intitulado pela mídia de “Sitcom S.A.”.
Além disso, também não há notícias sobre o prosseguimento das franquias “O Confronto”, e “Dê Sua Cara Ao Tapa”.

Mas aguardem novas informações em breve no Blog do Ibaldo.             
Até.
   

sexta-feira, 19 de março de 2010

NINJA ASSASSINO (2009)



Já faz bastante tempo desde que um estranho filme em que hackers lutavam kung-fu tornou-se um marco do cinema moderno e nos lembrou que ainda era possível fazer um blockbuster com roteiro inteligente, e com algo mais a dizer além da tecnologia que tornava o produto final algo comercialmente vendável.

Matrix redefiniu o gênero Sci-fi para o século 21 e tornou os Irmãos Wachovski os caras do momento, mesmo que não tenham conseguido manter a qualidade ao longo da série. Se bem que eles souberam explorar o sucesso financeiramente nos derivados da franquia através de uma ousada estratégia de transmidia storytelling.
Nos projetos seguintes à franquia Matrix, menos badalados mas ainda assim influentes, iniciaram uma curiosa jornada por estilos e gêneros cinematográficos diferentes, com resultados financeiramente aquém do esperado.
Ainda assim, em seus trabalhos posteriores, ficou clara uma inquietação e busca por novas linguagens e formas de contar suas histórias na telona.

Em seu mais recente trabalho na produção de um longa-metragem, “Ninja Assassin”, essa afirmação permanece adequada, apesar dos resultados serem ainda mais divergentes do que nos filmes anteriores.
Retomando a parceria com o diretor James McTeigue (de “V de Vingança”, 2006), os Wachovski se permitiram homenagear os filmes de ninja sem nenhum pudor ou amarra convencionada pelas produções orientais que ultimamente despontaram no mercado hollywoodiano.
Sendo assim, esqueça o roteiro. Ele é apenas uma desculpa pra que as coisas aconteçam na tela, objetivando o combate entre o protagonista do filme e hordas intermináveis de ninjas.
Mas isso era o esperado. 



Admito que quando soube qual era a metragem do filme tive certeza de que seria assim. Em 1 hora e meia não se pode esperar mais de um filme com um nome tão “genérico” quanto esse.
Desse modo, muito da “coerência” e andamento da história exigem que o espectador se readapte a certos costumes do cinema oriental de ação marcial.
Para alguns, isso é tão complexo que é mais fácil sair da sala de cinema no meio da sessão e procurar outro filme.
Mas são exatamente esses exageros que tornam o filme minimamente interessante. 


Assistindo o filme foi muito fácil lembrar de outras produções com temática, narrativa, ou outros elementos semelhantes, dentre eles os principais que me vieram à memória foram: Blade of The Immortal (série em quadrinhos que também tem um protagonista que aproveita cada luta para desmembrar freneticamente os adversários), Crying Freeman (HQ e filme com uma trama de vingança de um personagem que apresenta vários aspectos parecidos com o Ninja do título do filme de McTeigue), e O Corvo (HQ e filme do personagem que retorna dos mortos pra se vingar de um grupo que tentou matá-lo. A atmosfera da história de ambos os filmes se assemelha bastante).


No entanto, o diretor e produtores descobriram do pior jeito que não é tão simples trabalhar com o gênero de artes marciais.
Tentando encontrar sempre uma identidade visual marcante para seus filmes, os Wachovski investiram no uso da escuridão que toma a tela durante a maior parte do tempo de metragem. Isso seria (imagino eu) para demonstrar a furtividade dos guerreiros em meio às sombras, mas não facilita a vida do espectador, que tem extrema dificuldade para acompanhar a maioria das cenas, quando além da penumbra atrapalhando as coisas, a câmera prossegue em movimentação excessiva, resultando em algo que extrapola o dinamismo e torna quase todas as sequencias menos divertidas do que poderiam.
Além disso, o roteiro consegue cometer erros lamentáveis de continuidade, que vão além do que é aceitável mesmo em uma produção desse tipo.

A impressão é que a ideia era criar algo quase tosco em certos aspectos. Se McTeigue realizou isso de maneira proposital, é impossível saber.

Ainda assim, há momentos e características que tornam esse filme um tanto interessante, especialmente a forma como a violência é mostrada na tela. Bem diferente do que se espera, a ação utiliza frequentemente o recurso idealizado pelas histórias de ninjas, tornando-os vultos em meio às sombras, e também mostrando as katanas como armas perfeitas para esquartejar e transformar os inimigos em restos e pedaços irreconhecíveis no chão, após terem sido cortados como se não fossem nada.

O que fica claro ao fim do filme é, no entanto, sua irregularidade enquanto cinema de ação. O óbvio potencial de um longa-metragem desses para um público específico, que investe em material referente a ninjas e guerreiros orientais parece ter sido desperdiçado por faltar um cuidado na definição do que seria filmado.

Em uma época em que pequenas obras de arte têm surgido contando sua visão dos combates marciais provenientes do oriente, é um excesso de despretensão acreditar que meramente ação desenfreada seria o suficiente para entregar à plateia um filme aceitável.
Fica minha expectativa que, mesmo com todos esses deméritos, possa render o suficiente nas bilheterias para que uma sequencia seja viabilizada, e que talvez ao ver o resultado desse seu trabalho os Wachovski percebam que não tem nada de legal em assistir um bando de sombras se espancando em meio a um cenário escuro, enquanto a imagem é chacoalhada pra que não fique claro nem se o protagonista atacou ou foi atingido pelo adversário.



Apesar do início tão promissor do filme, o veredicto é o pior possível: não vale meio ingresso, a menos pra quem é um aficcionado por cinema de artes marciais.
É isso.    

Ninja Assassino
(Ninja Assassin)
Direção: James McTeigue
Duração: 99 minutos
Ano de Produção: 2009
Gênero: Ação

sábado, 13 de março de 2010

O LOBISOMEM (2010)

Com o passar do tempo, o cinema de altíssimo orçamento vai descobrindo novas maneiras de se manter uma alternativa válida como forma de arrecadar fortunas que paguem o dinheiro investido na produção dos filmes.
Nesse remake do clássico monstro da Universal muitos desses recursos são visíveis e influenciam o resultado obtido.

O elenco, liderado por Benicio Del Toro, conta ainda com Anthony Hopkins, Emily Blunt e Hugo Weaving. Mas o diretor  não parece ter planejado utilizar a interpretação dos atores como ferramenta principal do filme.
Mas até aí nada demais.
Afinal, nesse tipo de filme é natural que os efeitos especiais sejam o grande destaque. E os tais efeitos não deixam a desejar quase nunca.

Porém, o grande problema do filme atende pelo nome Joe Johnston. O diretor do (ainda em desenvolvimento) filme do “Capitão America” comete tantos equívocos nesse longa-metragem do Wolfman, que é mais que preocupante para os fãs de HQs.
O roteiro é previsível até onde se possa imaginar, mas isso não seria um defeito tão grave se o restante funcionasse de maneira harmônica, salvando o filme como uma pelo menos uma razoável obra de mero entretenimento descartável e esquecível.

Mas Johnston erra até nisso, ao seguir a tendência dos blockbusters atuais, voltados a adolescentes sem nenhum senso crítico. Sendo assim “The Wolfman” é uma amálgama de previsibilidade, violência excessiva, e efeitos especiais visando compensar a falta de ideias.

Não existe o menor interesse no suspense, e assim que tem chance, o diretor exibe o monstro do longa-metragem desmembrando figurantes de modo tão pouco inventivo que provoca sono invés de divertir os fãs da sangria cenográfica.
Soma-se a isso a incompetência da edição do filme, aparentemente feita por uma amador, em que a transição entre as cenas é sempre a mesma, exatamente conforme o imaginado previamente pelo espectador, apenas mudando o ângulo da câmera.
A obviedade do roteiro encontra assim um equilíbrio com a baixa qualidade da direção de Johnston.

O longa-metragem só não recebe uma nota zero devido a um ou outro momento em que a ação parece que vai ter um pouco de originalidade, apesar de acabar já na cena seguinte a expectativa provocada, por um pouco de integridade que a atuação de Anthony Hopkins possui, e também pelo fato de a transformação de Benicio Del Toro na mítica criatura apresentar efeitos especiais bastante adequados, se bem se fosse pra ver isso era só assistir o trailer.
De resto, somando a ausência do roteiro, de atuações verdadeiramente marcantes, ou qualquer resquício de criatividade, é uma perda de tempo de 125 minutos.
Um perfeito exemplar de cinema desnecessário e redundante.


Consequência: não vale nem meio ingresso.  

Lobisomem
(The Wolfman)
Direção: Joe Johnston
Duração: 125 minutos
Ano de Produção: 2010
Gênero: Ação/Terror

quinta-feira, 4 de março de 2010

OSCAR 2010 - Façam suas apostas

Tá certo que tem muita gente que considera essa uma premiação sem valor artístico, e que os vencedores são na maioria escolhidos por motivos que não são necessariamente a qualidade apresentada pelas obras cinematográficas que realizaram.
Mas não há modo de negar a importância do "Oscar Awards", ou da simples indicação a esse prêmio.
Tem muito filme que só chega aos cinemas brasileiros em função de ter alguma indicação pra uma das estatuetas distribuídas no evento.

Se os filmes eleitos os melhores são realmente isso, já é outra história.

Em 2010, com 10 filmes indicados a melhor filme, surge uma certa disparidade nas possibilidades de alguns serem realmente ganhadores, ao meu ver.
Ainda assim, em outras ocasiões houveram surpresas que eu realmente gostaria que ocorressem quando for anunciado o grande ganhador da noite.

Considerando que não há mais nada que possa ser feito pra influenciar o resultado (pelo menos eu espero que não), fica aqui a lista de indicados a melhor filme no Oscar Awards.
Quem me conhece sabe qual é o filme que eu considero o melhor dentre os que eu vi da lista (se bem que eu ainda não assisti o "Guerra ao Terror").
Mas falando em favoritismo, existem duas possibilidades óbvias, representadas por "Avatar" e o já mencionado "Guerra ao Terror".

Ainda assim, isso não faz diferença nenhuma aqui no blog.
Fica então a oportunidade pra que vocês definam o vencedor, o melhor filme de 2009.

Aguardemos o dia 07 de março.


Amor Sem Escalas (Up In The Air) - Direção: Jason Reitman

 
Avatar (Avatar) - Direção: James Cameron

Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds) - Direção: Quentin Tarantino

Distrito 9 (District 9) - Direção: Neill Bloomkamp

Educação (An Education) - Direção: Lone Scherfig

Guerra ao Terror (The Hurt Locker) - Direção: Kathryn Bigelow

Preciosa, Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book “Push” by Sapphire) - Direção: Lee Daniels

Um Homem Sério (A Serious Man) - Direção: Joel e Ethan Coen

Um Sonho Impossível (The Blindside) - Direção: John Lee Hancock

Up - Altas Aventuras (Up) - Direção: Pete Docter, Bob Peterson