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sábado, 24 de abril de 2010

UMA VIDA ILUMINADA (2005)


Admito que considerei uma decisão inusitada a inclusão do longa-metragem “Uma Vida Iluminada” logo no primeiro dia do 1º CineArquivo.

O filme, que foi exibido após o curta-metragem “A Vingança do Arquivista”, foi visto com desconfiança também na ocasião do seu lançamento, mas por motivos diferentes.
Por parte do público em geral, a dúvida se referia à escolha do ator Elijah Wood, de interpretar um papel tão diferente do protagonista da franquia “Senhor dos Anéis”, além, é claro, do fato de essa obra ser a primeira vez em que o ator Liev Schreiber atuava na função de diretor de cinema.
Já a minha dúvida referia-se ao tema.


Não parecia haver tamanha conexão entre o que é abordado no filme e o contexto do Ciclo de Cinema.

A escolha, no felizmente, foi devidamente justificada.

A história do colecionador judeu Jonathan (ou “Jonfen”, assista o filme pra entender) é mostrada a partir de um road movie que revela, além do passado do protagonista, contundentes informações a respeito das pessoas que o acompanham nessa jornada de busca de seu passado.
E é esse o fio condutor do enredo, mas isso não surge tão evidente logo de início.

Com uma edição rápida, diálogos envolventes e divertidos, o diretor Schreiber apresenta os exóticos personagens, e antes que se perceba, já é impossível atribuir ao filme o rótulo de “drama”.

Aos poucos, Schreiber deixa claro o artifício empregado.
A construção narrativa muda gradativamente e logo a carga dramática está presente, remexendo nas lembranças de quem viu a guerra devastar vidas.
Por meio do uso freqüente de metáforas, o roteiro é um espetáculo de possibilidades que o diretor não hesita em compartilhar com o público, não apenas através da atuação do ótimo elenco, mas também com o auxílio da deslumbrante direção de fotografia de Matthew Libatique, que apresenta de maneira esplêndida a bela paisagem da Ucrânia pela qual viajam os personagens.


Mais do que uma tour de redescoberta do passado, “Uma Vida Iluminada” é uma história de reconstrução.
Afinal, a memória, mais do que uma coleção de eventos selecionados que optamos por lembrar de vez em quando, é mostrada como uma forma de perpetuar a existência, um recurso para burlar a morte e o tempo.
No fim das contas, o filme fala sobre o que tentamos esquecer, sobre o que preferimos não lembrar que a humanidade cometeu, e de nossa responsabilidade na tarefa de manter o passado vivo para que velhos erros não se repitam.


Quanto vale:

Uma Vida Iluminada - Trailer Legendado

Uma Vida Iluminada
(Everything Is Illuminated)
Direção: Liev Schreiber
Duração: 100 minutos
Ano de produção: 2005
Gênero: Drama 

3 comentários:

Guilherme Hollweg disse...

Interessante.
Vai para lista das pendências.
Curti.
Valeu Ibaldo!

Alexander disse...

Gostei da foto do Trabant (carro símbolo da Alemanha Oriental), que antes desprezado, hoje objeto de colecionador..

Marcel Ibaldo disse...

Deconhecia essa informação a respeito do carro.
Valeu pelos comentários.