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terça-feira, 28 de setembro de 2010

NOVIDADES DO FRONT - The Walking Dead


A essa altura do campeonato acredito que todo mundo que curte quadrinhos, cinema, e assemelhados já deve estar bem informado, mas não custa ressaltar a expectativa criada acerca desse novo trabalho do diretor Frank Darabont, responsável pelos impecáveis filmes "À Espera de um Milagre" (1999) e "Um Sonho de Liberdade" (1994).

Além disso, trata-se da adaptação da excelente HQ criada por Robert Kirkman, que elaborou uma história de zumbis mais focada no impacto provocado nos personagens, sem deixar de lado uma dose caprichada de ação e tripas, que acaba ficando em segundo plano, complementando o roteiro do autor.


Confira o trailer da série clicando aqui.

E quem quiser conferir a HQ "The Walking Dead", pode encontrar os links clicando aqui.

A estreia da série de seis episódios para a TV ocorre no dia 31 de outubro nos EUA com um episódio de 90 minutos, e é prometida a estreia no Brasil  no canal FOX nos dias seguintes.

Aguardemos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O ÚLTIMO MESTRE DO AR (2010)


Em 1999 surgia um novo grande cineasta no mainstream de Hollywood.
Pelo menos era o que todos pensavam ao assistir “O Sexto Sentido”.
M. Night Shyamalan escreveu, produziu e dirigiu o filme que faturou alto nas bilheterias, além da aprovação de público e crítica.
Porém, alguns filmes depois, o promissor diretor viu sua carreira desabar.
A chance de restaurar a ordem natural das coisas seria a adaptação de uma famosa série de animação.
Originalmente “Avatar”, o desenho animado da Nickelodeon tornou-se “O Último Mestre do Ar” em sua versão para o cinema, devido ao filme de James Cameron.

Por ser um filme de efeitos especiais voltado ao público infanto-juvenil não parecia que seria complicado emplacar um sucesso novamente.
Mas o diferencial e fator problemático era o próprio Shyamalan.
Sendo ele novamente responsável pela direção, produção e roteiro, não poderia ser simplesmente um filme família.
Dessa forma, o comum filme de ação transformou-se em um retrato da busca de redescoberta do cinema de Shyamalan. As pouco menos de duas horas de metragem parecem representar um reflexo da jornada do diretor tentando se adaptar ao que Hollywood e o público esperam em seus trabalhos, sem perder as características autorais tão marcantes em sua filmografia.
Mas o início do filme não ajuda nisso.

Similar a um diretor inexperiente, ele conduz as cenas de maneira óbvia e apressada, não sabendo apresentar os personagens visando o envolvimento da plateia com eles.
As sequências de ação decepcionantes e as piadas mal empregadas prejudicam ainda mais o que era para ser a volta triunfal do cineasta.
Diante de um começo tão ruim não parece haver meios de este ser um bom filme, porém o longa-metragem melhora quase repentinamente.
Com a presença de novos personagens, a técnica de dominação da água e as cenas de ação que este novo recurso permite, a história prossegue com mais desenvoltura e recupera o interesse do público, e nesse contexto, a participação do anti-herói interpretado por Dev Patel começa a ser fator decisivo.
Enquanto isso, a trama envolvendo a guerra entre os reinos vai sendo desenvolvida e adquirindo contornos épicos além da expectativa inicial.
Aos poucos o filme torna-se um adequado entretenimento, e mesmo que ainda haja elementos comuns em blockbusters, o conteúdo lidando com misticismo garante um diferencial temático diferenciado e interessante.
E quando parece que o cineasta chegou ao seu limite fazendo tudo o que estava ao seu alcance para consertar o princípio do filme, os elementos que vinham sendo mais ou menos, ou mal aproveitados passam a funcionar.

Até mesmo a carga dramática e a ação de altíssimo nível que ele constrói no decorrer da aventura com ares de Sessão da Tarde chegam a um perfeito equilíbrio com a ingenuidade necessária ao longa-metragem devido ao público o qual acompanhou a série.
Com perícia e estilo ele orquestra algumas das melhores cenas de pirotecnia e luta no cinema em 2010, e à medida que a história se encaminha para o seu desfecho, “O Último Mestre do Ar” já está consolidado como uma das potenciais franquias que realmente vale a pena acompanhar dentre as que surgiram recentemente.
O estilo de ação por vezes oldschool que Shyamalan põe em prática, e que no começo não diz a que veio, demonstra ter encontrado sua forma de execução do meio para o fim do filme, que por ser tão bem realizado compensa o desenvolvimento arrastado presente nos minutos iniciais.


Apesar da experiência cinematográfica do diretor, trilhar por este novo gênero de cinema não foi algo fácil, e que exigiu um olhar crítico acerca de seu próprio trabalho.
Talvez as bilheterias ainda não reflitam positivamente esse primeiro passo no retorno de M. Night Shyamalan ao patamar de diretor de destaque em Hollywood.
Mas ao que tudo indica, isso é só uma questão de tempo.

Quanto vale: meio ingresso com louvor.


E confira aqui a VIDEOCRÍTICA do filme.

O Último Mestre do Ar
(The Last Airbender)
Direção: M. Night Shyamalan
Duração: 103 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Aventura

terça-feira, 14 de setembro de 2010

À PROVA DE MORTE (2010)


Pra falar a verdade, chegou a um ponto em que ninguém mais esperava que esse filme pudesse estrear nos cinemas no Brasil.
Sendo assim, esclareço de imediato que a data no título da postagem refere-se ao ano de lançamento no Brasil (a data de produção está na ficha técnica, no final da postagem).
Pendengas judiciais à parte, ao menos tivemos a chance de conferir do modo que se deve sempre ver um novo trabalho de Tarantino.
Pois se o filme for uma porcaria, ainda assim a trilha sonora vai ser melhor apreciada com o máximo volume enquanto acompanha as cenas.
Nesse caso, a trilha nem é tão ousada assim. É realmente muito legal, mas não chega a roubar a atenção do que o diretor de “Pulp Fiction” (1994) e “Cães de Aluguel” (1992) preparou dessa vez.



O longa-metragem, inicialmente parte do projeto “Grindhouse”, em parceria com “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, trilha um território hoje tão inóspito, que a menção da sua sinopse não desperta nenhuma curiosidade. A única coisa que poderia tornar a história do piloto maníaco que atende pelo nome de “Dublê Mike” em algo razoavelmente interessante eram as doses cavalares de estilização e humor negro que constantemente integram os roteiros de Quentin Tarantino.

Obviamente que assistir um trabalho do cara exige aceitação das formas de cinema que ele assistiu durante a vida toda e que definem a proposta de seus filmes. Desse modo, novamente o cinema B ganha vida na forma de uma superprodução com todos os aspectos de uma obra tarantinesca.

As escolhas do diretor são dessa vez apresentadas de modo bem menos sutil.
Os interesses básicos surgem de imediato, não somente o peculiar fetiche por pés, mas principalmente os diálogos longos e extravagantes em sua banalidade, e a excêntrica violência característica de sua carreira.

Além disso, “À Prova de Morte” é visualmente perfeito no que se propõe, o que significa ser tosco e precário. Eu explico.

Buscando proximidade com os filmes de gênero que o inspiraram, ele capricha na fotografia e edição com ares de desgaste, além de erros de continuidade evidentes. Tudo conspirando para um inusitado passeio por toda uma época esquecida de produções com baixo orçamento e excelência na diversão descompromissada e a preços módicos, mas dessa vez com o devido cuidado e planejamento que o diretor faz questão de utilizar em sua filmografia.
 

Além dos elementos mencionados acima, o elenco é outra carta à disposição, desde o protagonista competentemente interpretado por Kurt Russell, e ainda a dublê da protagonista de “Kill Bill” (2003), e até os caçadores de nazistas de “Bastardos Inglórios” (2009). De maneira quase informal, todos atuam como se fosse um ensaio, imersos perfeitamente na realidade paralela retrô em que Tarantino habita.

Sendo assim, cada personagem adquire veracidade no espetáculo de humor perverso engendrado na trama. Suas falas não são destinadas a nos fazer questionar o sentido da vida, e quase sempre se estendem por vários assuntos, porém são um retrato muito aproximado de toda e qualquer conversa cotidiana. Talvez isso explique porque uma plateia inteira permanece atenta durante esses diálogos intermináveis, e ao fim dos mesmos não pensa: “que perda de tempo”.
Independente do tema abordado no enredo, o diretor parece dizer constantemente que nas mais inimagináveis histórias os protagonistas são reles pessoas comuns, tão similares em suas limitações e interesses a qualquer outra pessoa comum.

Isso sem falar no inesperado manifesto feminista que complementa a homenagem às mulheres que se estende por grande parte da duração do longa-metragem.
Mas durante a sessão, o ritmo com que as cenas são arquitetadas não permite esse tipo de constatação.
Mesmo quando os personagens falam sem parar, o filme se desenvolve com dinamismo surpreendente, porém, nada que se compare às cenas de ação.

Sem que o público perceba, já existe todo um suspense e tensão quanto ao resultado de cada espetacular embate automobilístico, em que os personagens que aos poucos se tornam carismáticos em suas particularidades vivenciam toda angústia e violência elaborada pela imaginação fértil que os conduziu às telas.

E por mais que em algum momento haja uma vaga ideia do que pode acontecer no desfecho da perseguição ou choque entre os carros, tudo não passa de outro equívoco propositalmente construído para aumentar a diversão de ser surpreendido por mais uma das ideias originais que o longa-metragem apresenta.

E isso sem deixar de ser retrô, um cinema feito à moda antiga, com o uso de dublês, e mostrando o rosto dos atores mesmo em uma das mais vertiginosas perseguições de carros do cinema recente.
Pra quem não conhece os outros filmes do diretor, eu não recomendo “À Prova de Morte” para começar a acompanhar sua carreira pelo simples fato de que, conforme demonstra o final do filme, trata-se de um mero exercício de estilo potencializado pelo talento de Quentin Tarantino, que novamente faz parecer fácil o trabalho de construir um bom filme.



Mais do que isso, “À Prova de Morte” é outra vez a forma que Tarantino conhece de agradecer e prestar uma homenagem à arte cinematográfica, tendo por resultado um dos filmes mais legais em cartaz em 2010 no Brasil.

Quanto vale: um ingresso.


 
Confira a VÍDEOCRÍTICA do filme pelo pessoal do Quadrinhos S.A..

À Prova de Morte
(Deathproof)
Direção: Quentin Tarantino
Duração: 114 minutos
Ano de produção: 2007
Gênero: Ação/Suspense

sábado, 11 de setembro de 2010

CICLO DE CINE HISTÓRICO - As Eras de Hobsbawn


E apesar do meu atraso em divulgar, aqui está a programação do novo ciclo de cinema organizado pelo pessoal do Curso de História da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.

Para conferir a programação completa, clique aqui.
As sessões ocorrem na sala 303 da antiga reitoria da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, com entrada franca.
E considerando que os horários não permitem que eu assista todos, ao menos selecionei uns que eu vou fazer questão de assistir.
Confira  abaixo.


23 de Setembro de 2010, Quinta - 18h30min
Sangue Negro (There Will Be Blood)
(Estados Unidos, 2007, 158')
Direção: Paul Thomas Anderson
Comentários: Edisiana de Belgrado Aita

28 de Setembro de 2010, Terça - 19h
O Cantor de Jazz (The Jazz Singer)
(Estados Unidos, 1927, 88')
Direção: Alan Crosland
Comentários: João Júlio dos Santos Júnior e Marcio Grings

1º de Outubro de 2010, Sexta - 19h
Outubro (Okytabr)
(União Soviética, 1927, 74')
Direção: Sergei Eisenstein
Comentários: Yuri Rosa de Carvalho

04 de Novembro de 2010, Quinta - 19h
O Corte (Le Couperet)
(França, Itália, 1969, 112')
Direção: Konstantin Costa-Gavras
Comentários: Jonas Moreira Vargas

05 de Novembro de 2010, Sexta - 19h
Invictus (Invictus)
(Estados Unidos, 2009, 133')
Direção: Clint Eastwood
Comentários: Carlos Henrique Armani




 
 


É isso.
Até.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A ORIGEM (2010)




Christopher Nolan conseguiu realizar o que a maioria dos diretores sempre quis.
Construiu uma carreira de sucesso agradando tanto o público quanto a crítica especializada, dirigindo filmes que lucram invejáveis fortunas em bilheterias e ainda assim não tendo seu nome vinculado a merchandising barato e exagerado.
Os trabalhos dos quais ele participou tiveram sempre uma certa maneira elegante de contar as histórias, ainda que na maioria eles sejam bem planejados blockbusters.

Após concluir o surpreendente "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008) ele anunciou que se dedicaria a um projeto mais autoral, talvez mais simples, disseram alguns.
Pois eu sinto desapontar os desavisados, mas “A Origem”, novo filme do cineasta, pode ser muita coisa mas com certeza não é simples.

Desde seu primeiro trailer as comparações iniciaram relacionando o longa-metragem ao cult "Matrix" (1999).

Vendo o filme, um misto de ficção científica e ação, é verdade que há semelhanças entre a proposta apresentada no enredo e a realidade de Neo. Esses pontos, no entanto, não representam a corriqueira falta de criatividade hollywoodiana, e sim a convergência de ambos os filmes para um questionamento comum, e que é um grande acerto por não ser utilizado como gancho principal temático do roteiro.


Nolan desenvolve assim um ambiente no qual ele molda uma missão suicida para seus personagens, e no qual ele pode trabalhar com inúmeros recursos técnicos que sob a ótica de outros cineastas servem meramente para desviar a atenção do público. Os efeitos especiais, as cenas em câmera lenta, e a trama intrincada funcionam de maneira simbiótica, parecido com a receita do êxito dos Wachovski no primeiro filme da sua franquia Sci-fi.
As regras do universo são forjadas para ousar o que a imaginação e os efeitos visuais permitirem, sem perder a coerência.

Visualmente impecável, muitos planos lembram a nova cinessérie do herói Batman, demonstrando que Nolan vai definindo uma identidade estética em seus trabalhos. Isso além da consolidação do seu estilo de narrativa, eficaz ao prender a atenção da plateia em meio às sequências de perseguição e lutas vertiginosas, enquanto vai apresentando as peças de seu inusitado filme de assalto.

Aliás, esse seria o subgênero mais adequado para incluir “A Origem”.

Os elementos seguem cuidadosamente a estrutura de apresentação, tanto dos personagens, quanto de suas características e habilidades, estas de um modo bastante didático e pragmático, lembrando um videogame.
O diretor adere a esse subgênero cinematográfico talvez para facilitar o desafio de contar tanta informação em pouco menos de três horas.
Funciona, mesmo que vários momentos pequem pela previsibilidade imposta pelas limitações e aspectos inerentes aos filmes protagonizados por ladrões.

Desta vez, o roteiro não é surpreendente o tempo todo.

Clichês deixam de ser ferramenta proibida e facilitam a vida do cineasta que eventualmente faz uso deles em favor do bom andamento da história para fins de sucesso comercial.
 Não que isso atrapalhe a diversão e potencial análise que a obra proporciona. 

Quem não conhece o restante da filmografia do diretor pode se surpreender com o conteúdo reflexivo que “A Origem” sugere, aprofundando-se pelos labirintos da subconsciência humana. 

Aliando isso ao interesse em produzir cinema de entretenimento, logo se torna comum observar três cenas divergentes, ocorrendo no mesmo instante, com o tempo passando de modo diferente em cada uma delas e o efeito da gravidade mudando a cada momento de direção.

Quanto ao roteiro, impressionante mesmo é a quantidade de elementos similares entre este "A Origem" e o longa-metragem de animação "Paprika", dirigido por Satoshi Kon, e que em 2006 já trazia muito do que Nolan tem por base em seu filme.

Outros pontos a mencionar em "A Origem" são a onipresente trilha sonora de Hans Zimmer, e o elenco, que apesar de competente não possui destaques, sendo sua participação em cena dosada o suficiente para algum envolvimento da plateia. Para Leonardo Di Caprio, aliás, deve ter sido menos complicado pelo fato de seu personagem ser bastante similar ao interpretado por ele em “Ilha do Medo” (2010), de Martin Scorcese.


Essa é a forma de Christopher Nolan filmar um labirinto de possibilidades pela mente nivelando as coisas por baixo, não tão complicado que qualquer um não possa curtir e fazer sua análise empírica a respeito.
Sendo assim, apesar de alguma resposta que a trama ainda deixe para forçar um ar misterioso, tudo é até bastante explicado, não tendo o efeito alucinógeno de “Waking Life” (2001), do diretor Richard Linklater, que apresenta um passeio por sonhos bem mais complexo.
Ainda que não tenha o impacto midiático de “Matrix”, “A Origem” é demonstração de uma linguagem cinematográfica bem realizada e um dos blockbusters mais legais de 2010. 
É esse o tipo de cinema que Christopher Nolan propõe: não desprovido de inteligência, e anabolizado na intensidade, trazendo sempre temas instigantes com uma roupagem moderna e singular.

Quanto vale:


Confira aqui a VIDEOCRÍTICA do filme pelo pessoal do Quadrinhos S.A..

A Origem
(Inception)
Direção: Christopher Nolan
Duração: 148 minutos
Ano de Produção: 2010
Gênero: Ficção científica / Ação