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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

KARATE KID (2010)


Para quem cresceu no Brasil assistindo TV nos anos 90, uma expressão é hoje referencial universal de filmes que nem sempre eram bons, mas com certeza hoje possuem um apelo nostálgico ainda eficiente.
Dos tais “Sessão da Tarde”, muitos são considerados, de certo modo, cult na atualidade, e dessa forma, passíveis de refilmagem.

Um desses exemplos é “Karate Kid” (1984), uma eficaz mistura de clichês que foi tão bem sucedida que deu origem a uma franquia bastante rentável.
Com necessidade de arrecadar mais dinheiro, e poucos roteiros originais considerados comerciais e lucrativos, Hollywood sempre faz uso da ancestral técnica de reutilizar ideias que foram utilizadas à exaustão, e acrescentar uma roupagem moderna tentando justificar reprisar o mesmo filme com atores diferentes.


No caso de “Karate Kid”, até que não seria um grande obstáculo filmá-lo de maneira semelhante ao original. A história do longa-metragem de 1984 era uma série de recortes de personagens e momentos que já haviam sido vistos em outros filmes, mas que surpreendentemente o tornaram icônico para toda uma geração.

O desafio do diretor Harald Zwart era recriar e atualizar a recorrente luta em busca de superação, para algo que o público médio considerasse legal de assistir no cinema várias vezes, e as suas posteriores sequências, claro.
Zwart, diretor dos mais convencionais, não tinha à disposição muitos recursos propiciados pelo seu limitado talento. Mas o próprio filme não exigia nenhum gênio para ser filmado de maneira adequada.
Porém, ser simplesmente adequado poderia não ser o suficiente.

Sendo assim, na falta de um roteiro repleto de originalidade e inteligência, e de um diretor diferenciado, o jeito era caprichar na escolha do elenco.
Estrelado pelo aprendiz de superstar, Jaden Smith, o longa-metragem reaproveita a base do roteiro que transformou o filme original em êxito.
Desse modo, a trama é ingênua e simples, e Jaden demonstra desenvoltura, já com trejeitos do estilo de atuação de seu pai, Will Smith.
Era um óbvio interesse dos pais do jovem protagonista que uma nova franquia estivesse surgindo. A participação do casal de atores Will Smith e Jada Pinket Smith na produção e constante acompanhamento das filmagens ajudou a manter um nível alto de qualidade visando este resultado.
Ainda assim, Zwart não se ajuda.


Ao mesmo tempo em que consegue boas cenas de ação, surpreendentemente encenadas por crianças de pouco mais de dez anos de idade, ele erra ao estender demais algumas sequências, especialmente no que se refere ao romance que é o mote principal do enredo.
Enquanto no filme que deu origem à franquia o relacionamento amoroso era apresentado em terceiro plano, sem implicar em grandes reviravoltas na história, dessa vez o jovem casal possui muito mais tempo de cena, mesmo que o andamento de seu namoro seja mais clichê do que poderia. Certamente que em se tratando de Karate Kid, isto já era esperado, porém não era preciso se estender tanto tentando forçar a identificação do público.

Se fosse melhor desenvolvido, ou se durasse alguns minutos a menos, teria favorecido o produto final.

Felizmente, há outro ator que desempenha papel de destaque no elenco.


Jackie Chan, outrora famosíssimo astro de filmes de ação, andava desacreditado recentemente, com produções que não chamavam atenção do público. Esta era sua grande chance de retornar em grande estilo, e ele não desperdiçou.
Não apenas é uma das melhores atuações de sua carreira mas também repercute ao contracenar com Jaden Smith, que reage buscando inserir força e credibilidade em seu personagem, para assim não perder seu posto de protagonista, afinal, sempre que Jackie Chan surge rouba a cena por completo.


Os dois atores tornam-se o aspecto essencial do filme, que melhora à medida em que ambos passam a representar os contrastes que são o real fio condutor da história. O conflito entre culturas, gerações, e entre duas escolas de cinema tão distantes em forma e objetivos cria um panorama que, se não consegue disfarçar os seus clichês, é eficaz em envolver o espectador nessa jornada de aprendizado que visa a clássica mensagem de superação e aproximação apesar das diferenças de pensamento e filosofia de vida.
Em meio a tudo isso, ao menos Zwart justifica seu salário ao filmar a paisagem chinesa convertendo-a em personagem, além, é claro, da coreografia de luta muito bem executada e das sensacionais e divertidíssimas sequências do treinamento ministrado por Jackie Chan.


Não fosse a metragem tão estendida, além do final piegas, e se o diretor não tivesse investido tanto tempo no relacionamento amoroso pouco interessante, seria um novo clássico infanto-juvenil.

Do jeito que ficou, o novo “Karate Kid” é um bom recomeço, e que tende a ser uma poderosa série de filmes caso seja mantido o ótimo elenco e conte da próxima vez com um diretor que esteja à altura da importância da franquia que acaba de ressurgir.

Quanto vale: meio ingresso.

Karate Kid
(Karate Kid)
Direção: Harald Zwart
Duração: 140 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Ação

5 comentários:

Anônimo disse...

Apesar do Karatê Kid de 1984 ter aquele jeitão de filme "auto-ajuda", eu gostei. Até achei bem divertido.
Lembro até que os filmes postreiores dessa franquia tomaram outro direcionamento e o público não recebeu bem.

Ainda não vi essa nova versão e em breve vou ver o que sai dela. Valeu pela crítica.

Guilherme Hollweg disse...

Enfim curti o novo filme.
A atuação de Jackie Chan e Jaden Smith são muito boas, e os personagens são muito bem construídos psicologicamente.

A ação funciona de maneira incrível, e as partes engraçadas são divertidíssimas. O treinamento é muito bem desenvolvido e as lutas finais são muito bem coreografadas, o vilão também tem presença muito marcante.

Os únicos aspectos ruins, creio que sejam o romance água com açúcar que como tu havia dito, se estendeu demais. E o final nada convincete, mas fora isso, é um bom filme.

Finalmente, concordo com o meio ingresso.
hehehehe

Anderson N.G disse...

Gostei do filme, a história é massa, Jackie Chan não precisa nem comentar, o cara é FODA!

Mas uma coisa ainda não me desceu:
O nome do filme é KARATE Kid. A luta do filme é KUNG FU!
hehaehaeu

Marcel Ibaldo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcel Ibaldo disse...

Esse papo da arte marcial do filme ser kung fu era certo que provocaria polêmica.
Não foi a escolha mais coerente do mundo, mas de qualquer modo, ao menos Jackie Chan fez com que esse detalhe fosse esquecido devido à sua competente atuação.
E vai virar franquia, então o lance é se acostumar com o karate kid que luta kung fu.