Pages

quinta-feira, 26 de maio de 2011

SKYLINE (2010)


Certos filmes, por mais que haja esforço pra comprovar o contrário, não conseguem enganar ninguém.
Um baita trailer de ação, muitos efeitos especiais impressionantes, e mesmo assim fica difícil confiar que pode valer a pena assisti-lo.
E isso tem consequências que vão desde o não assistir um filme ruim, ou mesmo perder a oportunidade de conferir algo de qualidade por isso estar embalado na forma de qualquer candidato a blockbuster cuja trama se encerra já nos créditos iniciais.


“Skyline” era sério candidato a ficar preso nessa tendência de mercado, afinal, os seus vídeos divulgados eram de um visual deslumbrante, mas com ausência de qualquer informação que pudesse diferenciá-lo, o que poderia afastá-lo do estereótipo.
E desde que começa o filme não ocorre nada que sugira que ele vá além disso.
Sem grandes esperanças de ver algo que supere a fórmula de ação desenfreada que prende a atenção pelas explosões, etc, fica menos difícil encarar a tarefa de ver o longa-metragem dos irmãos Colin Strause, Greg Strause.

Especializados em efeitos CG, e cujo “melhor” trabalho de diretores foi "Aliens Vs. Predador: Réquiem", os Strause Brothers investiram tudo o que sabiam neste “Skyline”, tendo em vista que, se Michael Bay faz isso sempre, por que eles não poderiam faturar uns dólares a mais com a mesma ideia.


Mas as semelhanças entre os Strause e o diretor de “Transformers” estão mais na proposta do que no resultado. Michael Bay tem desde tempos os seus cacoetes de filmagem e dentre eles estão uma aceitação de que seus filmes não vão além disso, então encher o roteiro com humor faz o público pensar “não tem problema se é idiota. É pra rir mesmo.”
Enquanto isso, os Strause pensam: “Nossa situação é diferente, afinal, estamos criando um novo clássico”.
Se levar a sério é o grande equívoco deles.

Desde quando tenta estabelecer uma empatia entre o público e o seu elenco profanamente incompetente, interpretando personagens os quais chamar de ruins poderia ser algo elogioso demais.
Talvez eu esteja exigindo demais do filme, não é?
Na verdade eu até não me importo se um longa-metragem desses não tiver um roteiro inteligente, ou algo do tipo. Mas que seja pelo menos divertido, e pra isso simplesmente sequências de ação não bastam.
“Skyline” atesta isso de maneira exemplar.


O visual é simplesmente muitíssimo bem feito. A invasão alienígena, representada na forma de combates aéreos na Tóquio estadunidense do cinema Sci-Fi, transforma Los Angeles em um campo de batalha em que não há simplesmente pra onde fugir. Isso porque mesmo nas ruas existem aliens gigantescos dispostos a impedir o avanço de quem ousar pensar em alguma escapatória, e também porque assim os diretores podem dedicar mais tempo em cenas com seus personagens em espaço confinado, investindo no “drama” e economizando dinheiro para a pirotecnia.

O resultado disso é uma representação correta do que qualquer leitor de Gantz já viu com muito mais qualidade, inventividade, e estilo. Porém, se na série de HQ mencionada acima as coisas são realmente catastróficas não somente pelo visual, mas também (e principalmente) devido ao convincente clima de fim do mundo e à construção multifacetada de personagens que alicerçam a trama, “Skyline” mantém-se apenas como parte de um filão cinematográfico que já não parece ter nada a oferecer depois que Neill Blomkamp dirigiu o ótimo “Distrito 9”.

A ousadia dos pretensos cineastas é tanta que eles não se envergonham nem mesmo em optar por um final com gancho imediato para uma continuação, que dificilmente seria pior do que o primeiro filme, afinal, com a morte de grande parte dos personagens, fica mais tempo para o show pirotécnico propiciado por computador.
O apuro visual é sem dúvida a única coisa que realmente presta no filme dos Strause, conforme o trailer já evidenciava, e tentar arrastar o enredo a partir disso é das coisas mais chatas que eu já assisti.
Se é pra supervalorizar isso, posso dizer que seria adequado conferir na maior tela possível os momentos em que o CG está presente, sempre com o botão forward a postos para evitar o constrangimento de ouvir qualquer um dos fiasquentos diálogos encenados pelo bando de careteiros escalados para o filme.
Mas prefiro que ninguém se submeta a isso.
Seria melhor assistir “Distrito 9”, “Invasores de Corpos” ou mesmo “Independence Day”, tentando esquecer dos intermináveis momentos que tornam a 1 hora e meia de “Skyline” um martírio interminável.


Quanto vale: Nem Meio Ingresso.


Skyline: A Invasão
(Skyline)
Direção: Colin Strause, Greg Strause
Duração: 94 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Ação / Ficção Científica



4 comentários:

Anônimo disse...

Eu já assisti a esse filme e achei ma das maiores tranqueiras do ano.
O visual é mesmo um colírio para os olhos, mas a coisa desanda quando os personagens abrem a boca para proferir diálogos sofríveis.

É bem como tu escreveste, os caras se levaram a sério demais.

Guilherme Hollweg disse...

Ohh shit. Nem meio ingresso. Não vi ainda, por isso não li toda a crítica. Mas valeu a resenha. Prometo voltar aqui logo que assistir a obra.

Abração.


Guiga Hollweg

Marcel Jacques disse...

O melhor que o filme poderia oferecer é a morte de TODOS os personagens, de tão mal interpretados que foram. ARHG!!!

Ótima crítica.

Marcel Ibaldo disse...

Quem não viu, deve evitar.
Quem viu, tenta esquecer.

Valeu pelos comentários.