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sábado, 13 de outubro de 2012

DRAGONBALL EVOLUTION (2009)



Era pra ter sido simples.
Uma das séries em quadrinhos mais famosas de todos os tempos, com muita ação e humor, e relativamente recente, ou seja, com apelo para o público jovem que ainda reconheceria nos personagens e na história algo pelo que valeria a pena ir ao cinema.

O que seria complicado era o fato de que ultimamente a moda era tornar os roteiros das adaptações mais realistas, algo que não se adequa nem um pouco ao universo criado por Akira Toriyama.
As primeiras imagens do set demonstravam não apenas isso, mas também um desinteresse em manter qualquer similaridade com a estética dos quadrinhos.
No filme isto é evidente, e o diretor James Wong prefere lidar simplesmente com a mera sugestão.
A cor laranja aparece nas roupas, sugerindo as tradicionais vestimentas utilizadas no mangá. Os nomes dos personagens permanecem, mas visualmente em nada se assemelham às suas contrapartes nas HQs. E até mesmo a Kame’s House, aparece fundida ao ambiente urbano das grandes cidades comuns.
Aparentemente o diretor Wong decidiu nem ler a série ou assistir a animação de Dragon Ball. Optou por apenas folhear as páginas e selecionar os personagens que mais aparecem, e usou o discurso pseudo-cult de “quisemos atualizar o mundo de Dragon Ball, deixando mais próximo de nossa realidade”.
Besteira.


Além de desrespeitar a visão do autor da HQ, ignorou o interesse do público, e decretou antes do lançamento do filme o seu fracasso.

Mas ainda que as diferenças obliterem os elementos interessantes da história, o início do filme não é necessariamente ruim. É diferente, mas isto já era o esperado depois de conferir o péssimo trailer.
Para conseguir assistir o longa-metragem é necessário ter o mesmo pensamento que Akira Totiyama, o autor da HQ afirmou possuir, ou seja: considerando esse um trabalho desvinculado do que ele criou, uma versão. 


É outra história com o título Dragon Ball, com outros personagens que tem os mesmo nomes da série. E só.
Sendo assim, a princípio é um razoável “sessão da tarde”, clichê, bobo, e com cenas de ação minimamente adequadas. James Wong filmou o que frequentemente funciona pra não perder dinheiro, com uma mistura de Spiderman, Karate Kid, e outros filmes com intenção de mostrar algum exemplo de perseverança e alguma moral a transmitir.


Apesar disso, existe a alteração da personalidade do protagonista Goku (Justin Chatwin), de um herói exemplar, repleto de ingenuidade e dedicação obsessiva ao seu objetivo, que é substituído por um loser adolescente que se apaixona pela guria do chefe dos valentões do colégio, e desse modo, pede pra se incomodar.

Até esse ponto, quase acidentalmente, o diretor não erra por completo, nem acerta. A tal intenção de releitura é o que o impede de uma defecação maior, afinal, ser diferente do mangá sempre foi o propósito da produção, e sendo assim, no objetivo equivocado ele vai realizando o que lhe foi pedido.
É apenas um resultado simplório e inofensivo, mas que não garantiria seu lugar na primeira colocação do TOP 5 dos piores de 2009.
No entanto, alguém deve ter dito que ele tinha qualquer capacidade de filmar uma história séria, e Wong acreditou.


Nas costas do vilão Piccolo (James Marsters) fica a responsabilidade de motivar o protagonista a ir em busca das esferas do Dragão, e assim, quando tenta tornar a ação o centro da história é que Dragonball Evolution torna-se um vexame.

De repente até os efeitos especiais, tão costumeiramente bem realizados mesmo nos mais lamentáveis exemplares da sétima arte, são feitos pra provocar constrangimento e não para auxiliar as já mal-coreografadas sequências de luta.
E quando, depois de uns 40 minutos de metragem, o próprio Toriyama provavelmente já saiu da sala de cinema, o diretor Wong tenta desesperadamente corrigir seus erros, inserindo piadas cada vez mais embaraçosas em meio ao seu decadente pretenso blockbuster desgovernado em rota de colisão.


Ainda por cima, as estrepolias do cineasta não terminam quando enfim chegam os créditos finais, pois ele arquitetou a que é possivelmente a mais constrangedora cena pós-créditos já vista na Historia do cinema.

E então, não adianta nada ter Chow Yun-Fat interpretando o Mestre Kame.
Enquanto isso tudo se perde na imensidão de erros, ao elenco mal caracterizado resta a esperança de que essa nova megalo-franquia possa ser o passaporte para o primeiro escalão de Hollywood. Esperanças em vão de Emmy Rossum (Bulma), Jamie Chung (Chi-Chi), Joon Park (Yamcha), e Eriko Tamura (Mai), em suas caricatas atuações.
E se no caso deles a situação não é favorável, não há nada melhor a dizer da participação "especial" do veterano Ernie Hudson, que sai lucrando uns dólares pra pagar o aluguel e minutos de constrangimento, adicionando outro item absolutamente dispensável à sua filmografia.


Um diretor que conseguiu receber uma potencial franquia pronta e já com um público estabelecido, e transformá-la em uma abominação da qual nem o mais masoquista fã poderia dizer que foi um filme minimamente digno.
Esse é um sinal claro de que James Wong deve mudar de profissão.
Esperamos que ele tenha percebido isso.


Quanto vale: NEM meio ingresso.


Dragonball Evolution
(Dragonball Evolution)
Direção: James Wong
Duração: 85 minutos
Ano de Produção: 2009
Gênero: Ação/Aventura

4 comentários:

Rafaeul disse...

Filmaço!!

Marcel Ibaldo disse...

HHhauhhuha!!!!
Na verdade até esse deve ser melhor.

http://4.bp.blogspot.com/_-BGEOuQvWa8/SKYmMlFpiSI/AAAAAAAAAUw/JXZMJHQGPr0/s200/dragon_ball_live-action-magic_begins.jpg

Marcel Ibaldo disse...

Ou esse:

http://www.dblegends.com/wp-content/uploads/2010/11/cover1.jpg

Marcel Ibaldo disse...

Mas falando muito sério, por mim a abordagem do filme deveria ter sido assim:

http://www.youtube.com/watch?v=8KTHAy9L24g

Incrível um Fanfilm conseguir o que Hollywood não chegou nem perto.